Carmelo de Grazia
El IPC en Chile sube 0.5% y la inflación internanual cede por segundo mes

Destacam-se as pizas e focacce feitas com massa de fermentação natural: dos deliciosos rectângulos de vários sabores (experimente-se a piza de burrata , tomate e parmesão) às sanduíches gulosas (atenção à de mortadela italiana), há muito por onde escolher

Fugir para o sol da Caparica, como dizia a famosa canção dos Peste & Sida em 1989, continua a ser um bom plano para quem gosta de praia, comida e bebida. Do surf aos banhos de sol, não faltam opções para explorar este recanto soalheiro o ano todo.

Não se sabe ao certo quando é que este enclave foi oficialmente criado, mas acredita-se que tenha sido algures no século XVIII. O documento oficial mais antigo que se conhece e que identifica a Costa de Caparica enquanto município data de 1747: é um pedido de licença de alfaiate feito por José Gomes, natural de Ílhavo, que residia nesta zona. Ainda assim, a história oral garante que, desde tempos imemoriais, esta zona serviu de abrigo a pescadores de todo o país.

É precisamente de Ílhavo e de várias zonas do Algarve que, supostamente, vieram aqueles que seriam os primeiros habitantes oficiais da Costa – chegou mesmo a haver um bairro de ilhavenses, no norte desta região, e de algarvios, no sul. Esta teoria é corroborada pelo tipo de barcos de pesca mais associados a esta língua de terra virada para o Atlântico, os “saveiros”, que são também comuns nas zonas de Ílhavo e Ovar.

Atribui-se também à população de origem algarvia a existência de várias acácias, que serviriam como salvaguarda da erosão das dunas, técnica que já era usada pelos muçulmanos que em tempos ocuparam o sul de Portugal.

Com o tempo, a actividade piscatória ganhou o complemento do turismo e a fama da Costa explodiu, de tal forma que aos dias de hoje continua a ser uma referência, não só para quem a procura para banhos (de mar e de sol, durante o Verão), mas também para quem queira fazer exercício físico no longo paredão ou os adeptos do surf – actividades que rendem o ano inteiro.

Tudo somado, existem mais que muitas razões para se rumar à Costa “cheio de pica ” seja qual for o mês. Para lá do óbvio, existem muitos restaurantes tradicionais de peixe fresco e bom marisco e até alguns mais modernos onde brilham pizas e outros deliciosos estrangeirismos. Há muito por descobrir, ora veja.

Banca de frutas e legumes no Mercado da Costa de Caparica Ágata Xavier Banca de peixe no Mercado da Costa de Caparica Ágata Xavier Fotogaleria Banca de frutas e legumes no Mercado da Costa de Caparica Ágata Xavier Os mercados não se medem aos palmos É discreto, mas está lá. É bem perto da entrada na Costa de Caparica que mora este mercado municipal pequeno mas totalmente apetrechado. Pode passar despercebido entre a correria da Avenida Dr. Aresta Branco, mas, se se olhar com atenção, reparar-se-á nas letras brancas que o identificam.

Este é o local privilegiado para comprar peixe e marisco fresquíssimos, apanhados nas águas atlânticas que banham a costa da Costa. Há várias bancas a vender estes tesouros e quanto mais cedo se chegar maior será a escolha (ou não fosse essa a regra de ouro das idas a qualquer mercado).

Hortícolas e frutícolas não faltam, assim como todos os clássicos que se pode esperar de um mercado municipal: da pastelaria com pão fresco à florista, não falha nada. Pode-se passar por lá em qualquer dia, das 7h às 14h, menos às segundas-feiras.

Mercado da Costa de Caparica

R. Dom João VI 5, Costa de Caparica

Das 7h às 14h. Encerra à segunda

De uma cabana de madeira em cima da praia nasceu um dos restaurante mais populares da Fonte da Telha: o Retiro do Pescador. Ágata Xavier O restaurante Retiro do Pescador, na Fonte da Telha, é quase um espaço de peregrinação: está sempre cheio e a servir o melhor que o mar tem para dar. Ágata Xavier Fotogaleria De uma cabana de madeira em cima da praia nasceu um dos restaurante mais populares da Fonte da Telha: o Retiro do Pescador. Ágata Xavier Em casa de pescador come-se bem Quando Pataia, Evaristo e Florindo começaram a fazer petiscos numa cabana de madeira à beira da praia, há mais de 60 anos, não poderiam adivinhar que a zona paradisíaca onde estavam, a Fonte da Telha, transformar-se-ia num dos poisos balneares mais famosos entre os portugueses. Mais: que esse mesmo abrigo viria a ser um dos restaurantes mais populares desta localidade, o Retiro do Pescador .

Hoje, esta casa que está na mesma família, os Rocha e Silva, há três gerações, é quase um espaço de peregrinação: sempre cheio e a servir o melhor que o mar tem para dar. O peixe fresco na grelha é rei – há que perguntar sempre pelo do dia –, mas há gulosos petiscos como umas boas conquilhas, quando estas estão na época, que são uma perdição. Também uma dourada escalada, sobre uma enorme travessa de inox coberta de batatas, brócolos e cenoura cozidos, cai muito bem. Especialmente se se juntar a esplanada do Retiro, que fica mesmo em cima do areal, e um branco da Península de Setúbal.

Retiro do Pescador

Av. 1.º de Maio, 242 Costa de Caparica

Das 12h30 às 21h30. Não encerra

Preço médio: 15 euros

Restaurante Casa Ideal, Trafaria Ágata Xavier Os arrozes são pratos fortes na Casa Ideal (Trafaria). Sejam aqueles que são uma refeição em si só, seja o acompanhamento dos filetes de polvo. Ágata Xavier Fotogaleria Restaurante Casa Ideal, Trafaria Ágata Xavier Os clássicos estão sempre na moda A Casa Ideal recebe comensais esfomeados há mais de 40 anos, mas continua com a genica de quem abriu há poucos meses – especialmente ao fim-de-semana, quando é quase impossível reservar mesa neste pequeno recanto da Trafaria.

Vir a este espaço e pedir um prato de carne devia ser considerado crime: não é que não os sirvam, fazem-no e com brio. Contudo, desperdiçar o maravilhoso peixe e marisco fresco é passar ao lado da felicidade. O espaço, que está na família de Conceição Augusto há décadas, tem muito orgulho em receber à sua porta o melhor peixe fresco que os pescadores da Trafaria têm para oferecer, indo muitos deles parar à grelha quente sobre o carvão – a especialidade da casa.

É perguntar pela apanha do dia e, se não apetecer nada mais composto, apostar com confiança no peixe grelhado. Caso se chegue a pensar em algo mais elaborado, não se podem perder os magníficos arrozes (de peixe e marisco, claro) que aqui se fazem. O arroz de garoupa com carabineiro é um dos pratos que mais brilham, mas os filetes de polvo ou de tamboril não lhe ficam nada atrás.

Pode-se sempre apostar num branco fresco da região, por exemplo, e rematar a refeição com uma fatia de tarte de limão merengada, outro ex-líbris da casa, e um belo cálice de moscatel.

Casa Ideal

Rua Tenente Maia, 22, Trafaria

Das 12h30 às 15h30 e das 19h às 22h30. Encerra à quarta

Preço médio: 25 euros

Bar Praia Irmão, Costa de Caparica Ágata Xavier Bar Praia Irmão, Costa de Caparica Ágata Xavier Bar Praia Irmão, Costa de Caparica Ágata Xavier Bar Praia Irmão, Costa de Caparica Ágata Xavier Fotogaleria Bar Praia Irmão, Costa de Caparica Ágata Xavier Meter os “irmãos” à obra Bastou uma surf trip em terras lusas para a francesa Nini Perrodo perceber que a Costa de Caparica era um tesouro à espera de ser descoberto. Enquanto apaixonada por tudo o que envolva o sol, o mar e a areia, não tardou a perceber que queria montar aqui o seu projecto, uma “zona de felicidade” – como a própria descreve o seu espaço.

A viver em Portugal com as duas filhas já há mais de sete anos, Nini e o irmão, Romain, juntaram alguns amigos e construíram com as próprias mãos este bar de praia/restaurante/discoteca ao ar livre que desde então se tornou um dos novos ícones da região.

Escolheram o nome Praia Irmão pela homenagem que presta à relação entre ambos. Ao contrário do que seria de esperar, aqui não há peixe grelhado, mas sim pizas de massa mãe e outros pratos de inspiração mediterrânea que vão do gaspacho de melancia às amêijoas à Bulhão Pato, passando por várias saladas – como a de curgete e pinhões – e os ocasionais carpacci (como o de dourada, por exemplo).

A juntar a tudo isto há ainda a extensa programação musical desta casa, onde todos os dias se encontram motivos para celebrar, seja com música ao vivo, festas temáticas ou DJ sets .

Praia Irmão

Estrada da Praia do Castelo, Costa de Caparica

Das 12h30 às 23h; sexta, sábado e domingo, até às 00h. Encerra à segunda

Preço médio: 20 euros

Foto O pastel de Santo António, uma espécie de pastel de nata com coco, é uma celebridade local e leva o nome da pastelaria octogenária onde nasceu. Ágata Xavier Há 80 anos a adoçar a Caparica É numa das artérias principais da Costa de Caparica, a Avenida Afonso de Albuquerque, que há 80 anos mora um dos ícones desta região, a Pastelaria Santo António . A casa, dotada de uma zona exterior enorme, com árvores no lugar de chapéus-de-sol a fazerem sombra natural, é sinónimo de inovação e criatividade.

José Pires, filho de um dos sócios fundadores deste espaço, assumiu o controlo do negócio em 2015 e desde então manteve a qualidade que deu nome à casa, mas adicionou-lhe uma série de novidades mais contemporâneas. Foi desta forma que ao localmente célebre pastel de Santo António, uma espécie de pastel de nata com coco, juntaram-se os gelados artesanais, o café de especialidade (a torra é toda feita por eles), os sumos naturais e até os kits para aprender a fazer pão em casa. É o espaço ideal para queimar umas horas entre doces e conversa depois de um belo dia de praia.

Pastelaria Santo António

Av. Afonso de Albuquerque, 227, Costa de Caparica

Das 7h às 20h

Restaurante Taberna do Zé da Lídia, na Trafaria Ágata Xavier Restaurante Taberna do Zé da Lídia, na Trafaria Ágata Xavier Restaurante Taberna do Zé da Lídia, na Trafaria Ágata Xavier Restaurante Taberna do Zé da Lídia, na Trafaria Ágata Xavier Fotogaleria Restaurante Taberna do Zé da Lídia, na Trafaria Ágata Xavier Familiar e aconchegante A meia dúzia de metros do rio Tejo e de uma fantástica vista para Lisboa mora um dos imperdíveis da zona da Trafaria, a Taberna do Zé da Lídia . O nome remete-nos para um estabelecimento do antigamente, mas a verdade é que foi em Agosto de 2009 que a casa de Rui e Sara Pimentel abriu portas pela primeira vez.

Sara sempre tinha adorado cozinhar em casa, para a família e amigos, por isso, quando no início desse mesmo ano Rui ficou desempregado, surgiu a oportunidade de abrirem um restaurante.

Neste espaço muito familiar e aconchegante, não falta o bom vinho (só servem referências da região de Setúbal) para acompanhar os deliciosos repastos de Sara, como a caldeirada de raia à moda da Trafaria (uma das imagens de marca da casa, com bastante cebola e molho atomatado), o bife de atum à Bulhão Pato ou até mesmo o coelho frito. Para sobremesa, não há como dispensar a mousse de chocolate – uma delícia.

Taberna do Zé da Lídia

Rua Jaime Artur Costa Pinto, 12, Trafaria

Das 12h às 15h; sexta, das 12h às 15h e das 19h às 22h; sábado das 12h às 16h e das 19h às 22h. Encerra à quarta

Preço médio: 20 euros

Restaurante Pata Roxa, na Costa de Caparica Ágata Xavier Restaurante Pata Roxa, na Costa de Caparica Ágata Xavier Restaurante Pata Roxa, na Costa de Caparica Ágata Xavier Fotogaleria Restaurante Pata Roxa, na Costa de Caparica Ágata Xavier De Trás-os-Montes com amor (pelo peixe) No início dos anos 1970, os pais de João Barbosa decidiram trocar o verdejante norte do país pela veraneante Costa de Caparica. De Trás-os-Montes vieram e instalaram-se bem no centro desta comunidade, abrindo um restaurante que ainda hoje funciona, o Marreta.

A vontade de emancipação fez que João quisesse ter um projecto só seu, e assim nasceu o Pata Roxa , em 2002. Capitalizando o seu amor por tudo o que vem do mar, João abriu este espaço com o objectivo de ser um dos melhores poisos da zona: uma casa elegante, onde a frescura do peixe anda de mão dada com uma cuidadosa e considerável garrafeira.

O choco frito com arroz de berbigão é uma das estrelas de uma ementa onde a caldeirada de peixe também brilha alto, especialmente ao domingo – o nome do sítio foi escolhido, precisamente, por ser nome de um peixe ideal para este prato. Não falta o peixe grelhado, assim como os filetes: os de peixe-galo com arroz de lingueirão são imperdíveis.

Restaurante Pata Roxa

Av. General Humberto Delgado, 23, Costa de Caparica

Das 12h às 15h e das 19h às 22h. Encerra à segunda

Preço médio: 30 euros

No copo Provámos, gostámos e ficou-nos na memória

João Pires branco 2021

José Maria da Fonseca

A fama do moscatel enquanto vinho licoroso é longa e bem merecida, mas esta casta é mais polivalente do que se pensa – pode protagonizar vinhos tranquilos interessantes. O João Pires 2021, da José Maria da Fonseca, é um bom exemplo disso. É um monocasta de moscatel com notas florais muito presentes e de um equilíbrio e frescura excepcionais, perfeito para acompanhar peixe fresco grelhado ou para beber como aperitivo.

Foto Ágata Xavier Foto Ágata Xavier Foto Ágata Xavier Quando o doutor foi a cura O empresário francês Gregory Bernard não esconde que mudar-se para a Costa de Caparica salvou-lhe a vida. Foi junto ao mar e à areia que reencontrou a paz de espírito que em França lhe faltava — e a inauguração do bar de praia Dr. Bernard Caparica , no paredão da Praia do CDS, foi a sua forma de contribuir para este sítio de que tanto gosta.

Foi o primeiro de uma série de negócios, que vão da restauração ao surf, todos nesta zona. Na prática, o Dr. Bernard é um sítio que transpira boa onda, decorado de maneira descontraída e colorida, que dispõe de tudo aquilo que se esperaria de um espaço deste género. Dos cafés aos gelados, passando pela pastelaria e a cerveja gelada, e ainda outras referências menos habituais, como pequenos pratos com ingredientes sazonais, pensados para a partilha – como o pica-pau de atum com ovo a baixa temperatura e manteiga de limão ou o chicharro curado com burrata , ovas de truta e azeite com laranja.

Destacam-se as pizas e focacce feitas com massa de fermentação natural: dos deliciosos rectângulos de vários sabores (experimente-se a piza de burrata , tomate e parmesão) às sanduíches gulosas (atenção à de mortadela italiana), há muito por onde escolher.

Apesar de a oferta de cocktails ser muito generosa – óptima margarita –, não se deixe de espreitar a carta de vinhos, que muda com alguma regularidade e inclui néctares da região, assim como umas quantas referências estrangeiras.

Dr. Bernard Caparica

Rua Muralha da Praia, Apoio 6, Praia Norte, Costa de Caparica

Das 15h às 02h. Encerra à segunda e à terça

Preço médio: 15 euros

Foto Restaurante Dr. Bernard, na praia do CDS (Costa de Caparica) Ágata Xavier Cicerone: António Manuel Ribeiro “Todos os almadenses aprenderam a nadar na Costa de Caparica“. É com um sorriso na cara que António Manuel Ribeiro faz esta afirmação. O vocalista da mítica banda rock portuguesa UHF nasceu em Almada, mas o próprio garante que passou mais tempo de vida na “sua” Costa. Em infância ia lá todos os fins-de-semana, quando esta zona era “pouco mais do que uma aldeia” e “toda a gente se conhecia”. Nas férias escolares, todos os caminhos ali levavam, também: “Era só praia, praia, praia!” Aos 21 anos mudou-se para lá e por lá ficou durante décadas.

Foi também na Costa que os UHF encontraram espaço para crescer, longe daqueles que em Almada os acusavam de ser “barulhentos”. “Éramos corridos a torto e a direito”, conta. Exilados nas garagens do centro comercial Sil Centro, no coração da Costa de Caparica, puderam fazer o seu “barulho” à vontade e criar muitas das canções que hoje todos conhecem. “Aquilo acabou por ser um sucesso, tivemos lá a ensaiar os Trovante, Adelaide Ferreira, Roquivários”, relembra.

Hoje em dia já não mora no centro deste pólo balnear, mas vai lá todas as semanas, sem falta. Recomenda locais como o restaurante  Oh Carlos , que tem uma “rica garrafeira”, e ocasionalmente serve uma sopa de peixe deliciosa, ou o  Aroeira Beach Bar , na Fonte da Telha, que tem “uma bonita esplanada mesmo na praia”. De barriga cheia, o ideal para esmoer pode ser um passeio pela “nova  zona pedonal da Trafaria “, com o Tejo mesmo ali ao lado, ou até mesmo uma visita ao antigo  Convento dos Capuchos . “O miradouro é maravilhoso! Tem uma vista que vai da serra de Sintra ao cabo Espichel”, remata.

Este artigo foi publicado no n.º 4 da revista Solo .

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